quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Terra, terra, terra e a uva correta.

Viver é diferente de saber. Eu já sabia que o terroir é o que faz o grande vinho e tive a oportunidade de viver esta experiência nesta viagem a Portugal.
Tecnologia é detalhe, se a casta certa for plantada no terroir certo, o resto é detalhe. Bebi vinhos feitos com pisa a pé, com robô, com prensa deste e daquele jeito, fermentados em barrica de carvalho francês, em talhas de argila, em aço inox, de todos os modos. O que faz o grande vinho é a terra, a uva e o manejo. Fico me perguntando por que nas visitas levam a gente na cantina e não no vinhedo? Talvez seja porque podemos comprar equipamentos mas não podemos mudar a terra de lugar. Além disso a terra é a terra, não dá para vermos grandes diferenças entre um vinhedo e outro. Fica a sugestão para o CVRA incluir no roteiro uma boa explicação sobre o terroir alentejano.



Volume ou excelência? O Brasil tem muito a aprender e a ensinar aos portugueses. Creio que o trabalho da Embrapa poderia ser muito bem aproveitado em Portugal em relação a técnicas de cultivo e estudo de solo. Você sabia que o Instituto Superior de Agronomia de Portugal fica no centro de Lisboa? Bem como a Faculdade de Medicina Veterinária? Pois é.
Quanto a nós, temos que aprender que não há milagre, parar de plantar uvas tintas onde é terra de uvas brancas ou de batatas!
As vinícolas fatalmente devem tomar uma decisão entre fazer um vinho correto em grande quantidade ou fazer um vinho excelente em baixa produtividade, luta, suor e lágrimas. Fazer um vinho correto é difícil mas é bem possível, fazer um vinho excelente é outra história.
Nesta outra história eu acredito que os espumantes brasileiros podem se destacar. A Cave Geisse já vem mostrando isso e muitas outras vinícolas podem seguir o exemplo e primar por qualidade. O Brasil tem terroir para vinhos espumantes. Eu torço para que ele seja bem aproveitado. Acredito que podemos ter grande projeção internacional se investirmos neste potencial. Podemos a longo prazo ser o segundo nome no mundo em termos de espumantes de qualidade. Resta ver se os produtores vão continuar teimando com a natureza.

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